O Escudo da Justiça

3 min readOct 30, 2020

Zaurin

Impérios Sagrados

www.imperiossagrados.com.br

“Nunca mais ele levantará a mão contra mim. Jamais permitirei que um filho meu durma sem ter esperança de um amanhã melhor. Melhor padecer justa do que morrer injusta”.

— Hoje você acordou mais diretiva do que nunca minha irmã — Diz Tróia segurando seu escudo..

— Acordei motivada — Diz Zaurin.

— Você pensa que o mundo irá perdoar duas mulheres que se insurgiram contra a escravidão e que não aceitam serem submetidas aos caprichos dos homens? — Diz Tróia questionando mais à si mesma do que sua irmã.

— Não. Não vai. — Zaurin cruza as pernas e sorri para sua irmã gêmea. — De todo eu gostaria se saber o motivo de ter cortado seus cabelos?

— O elmo da nova armadura tem uma abertura menos e acabo por me incomodar.

— Amanhã possivelmente esse horário terei partido desse mundo. — Diz Zaurin com certa emoção.

— Como você pode escolher ir para um lugar em que nada e nem ninguém poderá te visitar? — Ora ou outra todas nós iremos para uma morada que não nos concede retorno.

— O que gostaria de levar daqui, Zaurin?

— O meu escudo, certamente. Não pensas assim, Tróia? — Ela olha para a irmã com amabilidade.

— Mas para que serve um escudo nesses momentos?

— Um escudo? Ele tem pouca serventia nesses casos.

— Ao contrário: nesses casos eles são perfeitos. Ademais, o escudo que estou falando é um que me defende há tantos ciclos de estações do ano que eu mesma me perco nos agradecimentos. — Zaurin sorri. — Você é o meu escudo, minha irmã.

As duas se entreolharam e um abraço apertado tomou conta de ambas. Tróia largou seu escudo.

Dia 07do mês do dos Ventos Cortantes.

Conto escrito especialmente para o Evento Virtual da BILGBTI a I Bienal Literária Geek LGBTI+ realizada pela IS Impérios Sagrados. Esse conto pode ser lido como complemento ao livro “O Primogênito do Sol” que está para ser lançado pela IS pelo Catarse.

Autor:

Cristian Abreu de Quevedo